O Porto de Paranaguá viveu ontem mais um dia de muitos transtornos. Além da
chuva, que por si só atrapalharia os embarques, problemas no sistema de
informática paralisaram durante todo o dia a movimentação de cargas no corredor
de exportação, que só deveria ser retomada às 22 horas de ontem. Com isso, a
fila de caminhões em direção a Paranaguá continuava se estendendo por 105
quilômetros. À tarde, caminhoneiros revoltados com a demora no descarregamento
fecharam o pátio de triagem do porto, exigindo o pagamento de diárias para todos
os que estavam parados nas estradas.
O problema ocorreu no computador central do Porto, por volta das 4 horas da
madrugada de ontem, segundo informou Carlos Rocha, proprietário da empresa que
presta serviços de administração de ambiente informatizado para o porto (RT
Tecnologia de Informação e Informática Ltda.). De acordo com ele, o estrago na
placa-mãe paralisou o gerenciamento de movimentação de cargas sob a
responsabilidade da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), o
que exclui os nove terminais privados.
Rocha disse que, diante da impossibilidade de registrar a movimentação no
sistema informatizado, os caminhões com carga destinada aos dois silos públicos
não podiam entrar nem sair do pátio de triagem. Com isso, cerca de 400 caminhões
deixaram de descarregar grãos, o que significa atraso na recepção de
aproximadamente 10 mil toneladas. O porto ficou impedido ainda de realizar
embarques nos navios. O impacto só não foi mais sentido porque os embarques já
estavam prejudicados pela chuva, que caiu na maior parte do dia.
Operadores portuários reclamaram muito da situação. O representante de uma
operadora ouvido pela Gazeta do Povo disse que o meio portuário estranhou o fato
de o sistema de informática ter apresentado problemas justamente no momento em
que a Appa resolveu pela não renovação do contrato com a RT. A empresa foi
contratada pelo governo anterior por dois anos, renováveis por mais dois.
A primeira fase do contrato venceu no último dia 1.º e a Appa decidiu abrir
nova licitação. Ontem foi assinado um termo de prorrogação por apenas 90 dias.
“O comentário no porto é que, nesse intervalo de 13 dias, funcionários do
próprio Porto tentaram operar o sistema e acabaram danificando a placa”, disse o
representante de uma operadora portuária.
A administração do Porto não deu informações sobre o assunto. Mas o
proprietário da RT negou que o problema de ontem tenha relação com o fim do
contrato. “Houve uma coincidência”, afirmou. Segundo Rocha, a demora em
restaurar o sistema deve-se às características do computador. “É uma máquina
francesa, meio antiga (de 1993) e para a qual é difícil achar peças”, disse.
Segundo ele, as peças danificadas tiveram que ser trazidas de São Paulo e do Rio
Grande do Sul. Rocha disse que já alertou a administração do Porto sobre a
necessidade de renovar o equipamento.
Lorena Aubrift Klenk


