Segundo balanço da empresa que integra o grupo Tutors Participações, de janeiro a dezembro do ano passado foram negociados cerca de 40 mil contratos nas modalidades call/put (seguro de alta e seguro de baixa). Esse número representa a proteção de um volume financeiro de R$ 881 milhões. De forma mais específica, foram 8 milhões de sacas de milho (R$ 425 milhões), 2,7 milhões de sacas de soja (R$ 400 milhões) e 5 milhões de arrobas de boi (R$ 56 milhões).

O consultor de comercialização da Hedge Agro, Rafael Grings, afirma que a pecuária e a agricultura enfrentaram, em 2023, um cenário adverso. De acordo com ele, impactos resultantes de fatores climáticos, econômicos e políticos culminaram em quedas de 40% no preço do milho, 15% na soja e 20% na arroba do boi gordo. As oscilações, aliadas ao aumento nos custos de produção, dificultaram a geração de lucros para produtores rurais e empresas do setor.

“Presenciamos fazendas perdendo até R$ 20 milhões em uma semana devido às variações nos preços das commodities. Perdas desse calibre são irreversíveis. Essas severas flutuações de mercados evidenciam a necessidade crescente de investir na proteção, visando assegurar a margem de lucro na venda. É nesse momento que as ferramentas hedge surgem para dar maior segurança para o produtor navegar nesse mercado instável”, afirma Rafael.

Estudo feito pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), com as perspectivas para 2024, prevê um recuo de até 2% no Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio. O motivo, conforme a CNA, é a oscilação que pode acarretar na queda dos preços dos principais produtos agropecuários. Nesse sentido, produtores que utilizam ferramentas hedge tendem a aumentar as chances de alcançar melhores resultados financeiros.

O produtor rural Edio Brunetta, vice-presidente do Grupo Itaquerê, é um dos que têm recorrido às ferramentas de proteção para dar mais segurança às margens de ganho. Com mais de 40 anos de atuação no agronegócio, há cinco é atendido pela Hedge Agro e classifica as estratégias seguidas como fundamentais para encarar as oscilações do mercado causadas por questões políticas, guerra, economia mundial, custos elevados de produção e condições climáticas.

“As instabilidades afetam os preços das commodities e, nesses momentos, as ferramentas dão tranquilidade e evitam prejuízos. O Grupo Itaquerê já adotou as estratégias hedge para comercialização de soja, milho e boi, tanto para seguro de alta quanto de baixa. Cada vez mais o produtor está buscando esse serviço especializado, que consegue trazer oportunidades de mercado a partir de uma análise técnica”, pontua Brunetta.