No geral, porém, a safra tem mais destaques positivos do que negativos. Em Mato Grosso e Goiás, um equilíbrio adequado entre chuva e dias ensolarados resultou em recordes de produtividade de 59,3 e 60,5 sacos por hectare, respectivamente.

O Paraná está fechando com ótimos resultados, o que é bem diferente do que o início da temporada parecia indicar. O oeste e o norte do estado, juntamente com o Sul do Mato Grosso do Sul, foram as regiões mais prejudicadas pelo clima seco no período de plantio. Produtores que arriscaram plantar mais cedo, na esperança de que a chuva viesse, tiveram perdas – bastante significativas, em alguns casos.

A maioria, no entanto, decidiu esperar o clima regularizar para lançar as sementes no chão. Deu certo e o estado também bateu o recorde de produtividade média atingindo 63 sacos por hectare, a maior do Brasil.

A regularização da chuva demorou mais para acontecer do que nas últimas duas safras, prejudicando um pouco o plantio precoce e gerando temores em relação às primeiras áreas semeadas em algumas regiões. Porém, quando começou a chover, as lavouras se desenvolveram em ótimas condições em boa parte do país.

Os dados coletados em campo desde janeiro pelas equipes técnicas do Rally da Safra mostram uma produtividade de 56 sacos por hectare na média do Brasil, a terceira melhor desde que o projeto começou a avaliar as lavouras brasileiras, há 16 edições.

PROBLEMAS - A temporada só não será melhor por causa de uma importante exceção. O Rio Grande do Sul enfrenta uma estiagem desde o fim de 2019. A equipe 7 do Rally da Safra passou pelo estado de 9 a 13 de março, encontrando lavouras que encurtaram o ciclo devido à seca e indicadores de produtividade mais baixos do que nas temporadas anteriores.

Alguns produtores - cujas áreas receberam mais chuva - vão obter resultados um pouco melhores, mas a média de produtividade do estado será nesta safra de apenas 36 sacos por hectare, a menor dos últimos 8 anos e quase 40% abaixo de 2018/19. A estimativa é que a produção gaúcha se limite a 12,7 milhões de toneladas.

A quebra na produção no Rio Grande do Sul é a principal razão para a estimativa ter caído em relação às expectativas iniciais, quando se projetava uma produção de 124,3 milhões de toneladas – em fevereiro, antes que os efeitos da seca se consolidassem no Sul do país, a Agroconsult chegou a projetar uma safra de 126,3 milhões t.

CONTRIBUIÇÃO - No Maranhão os produtores deverão colher uma safra de 54,5 sacos por hectare e, no Tocantins, 54 sacos por hectare, igualmente recordes. O desempenho da soja em São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina também é melhor do que na safra passada. "Foi o desempenho positivo de todas essas regiões que amenizou a redução da estimativa de safra devido aos problemas do Rio Grande do Sul", afirma André Debastiani, coordenador da expedição e sócio diretor da Agroconsult.

PANDEMIA - Na edição de 2020, sete equipes do Rally da Safra foram a campo para avaliar as lavouras de soja. A oitava equipe, programada para ocorrer de 22 a 28 de março no MAPITOBA (Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia), acabou cancelada como medida de precaução e para colaborar com as medidas de distanciamento social para conter a disseminação do Covid-19 no Brasil.

O levantamento das condições de safra na região foi reforçado remotamente, por meio de uma extensa rede de contatos formada ao longo das 15 edições anteriores do projeto. Apesar das preocupações causadas pela doença, os técnicos do Rally da Safra puderam constatar que, nas principais regiões produtoras, os agricultores mantinham o entusiasmo, baseados principalmente no bom desempenho desta safra. Com exceção do cancelamento de feiras e eventos agropecuários, não havia, até meados de março, mudanças significativas nas operações de campo.

A irregularidade climática no período de plantio da soja acabou deixando o calendário do milho segunda safra um pouco mais tardio. A semeadura das lavouras de milho já foi praticamente concluída. Por enquanto, as condições climáticas são adequadas em boa parte do Centro-Oeste.

Choveu um pouco menos do que o necessário no Sul do Mato Grosso do Sul, no Paraná e em São Paulo, mas ainda é cedo para grandes preocupações. Já no Leste de Goiás e em Minas, a chuva no final de fevereiro e início de março atrasou o plantio das últimas áreas. A Agroconsult estima que a produção nacional de milho segunda safra atinja 74,7 milhões de toneladas, com queda de 3% em relação à última projeção, numa área de 13,1 milhões de hectares.