O Ministério do Comércio da China anunciou nesta segunda-feira (5) que
empresas do país suspenderam a compra de produtos agrícolas dos Estados Unidos.
A medida é uma resposta ao anúncio do presidente americano, Donald Trump, sobre
novas taxas a importações chinesas.
Segundo o ministério, a China também não descarta a possibilidade de impor
tarifas adicionais aos produtos agrícolas importados dos Estados Unidos. Não
foram divulgados mais detalhes sobre essa possível sobretaxa. No comunicado,
Pequim afirmou que espera que os Estados Unidos cumpram sua promessa e criem as
condições necessárias para a cooperação bilateral.
A paralisação nas compras ocorreu alguns dias depois de Trump anunciar novas
sobretaxas de 10% sobre outros US$ 300 bilhões em produtos importados da China,
acirrando a guerra comercial entre os dois países. O presidente justificou a
decisão alegando que os dirigentes de Pequim não cumpriram, entre outros,
promessas de aumentar significativamente o volume de compras de produtos
agrícolas dos EUA.
As novas tarifas atingem as importações que haviam sido poupadas até agora
pelos EUA e se unem as sobretaxas de 25% já impostas sobre US$ 250 bilhões em
produtos importados da China, país que exporta cerca de US$ 500 bilhões em bens
para os Estados Unidos anualmente.
O Ministério do Comércio chinês afirmou que as novas tarifas americanas
representam uma "séria violação" na guerra comercial travada entre as duas
maiores economias do mundo. A resposta chinesa atinge em cheio os agricultores
americanos que já tiveram uma grande redução nas vendas para o país asiático com
o conflito.
Antes da guerra comercial, em 2017, a China comprou produtos agrícolas no
valor cerca de US$ 19,5 bilhões dos Estados Unidos. Os principais produtos foram
soja, laticínios, sorgo e porco. Em 2018, o volume de importação americanas para
o país asiático caiu para US$ 9,1 bilhões.
O presidente da Federação Americana de Agricultores, Zippy Duvall, disse que
o anúncio chinês é um "golpe para milhares de agricultores que estão lutando
para sobreviver".
As tensões entre EUA e China têm raízes no desequilíbrio da balança comercial
a favor do país asiático, que exporta US$ 419 bilhões a mais do que importa, o
que segundo Trump acontece devido a injustas práticas comerciais do gigante
asiático.
Os dois países continuam negociando uma forma de resolver a guerra comercial aberta pelo presidente americano. Fases de progresso e desastre têm se alterado ao longo das negociações. Em maio, as conversas pareciam ter entrado em colapso, mas ganharam um impulso depois da reunião entre Trump e presidente da China, Xi Jinping, durante a cúpula do G20 no Japão. As conversas da semana passada, porém, foram suspensas e serão retomadas no início de setembro.