O custo operacional para o cultivo de um hectare de lavoura de algodão, em Mato Grosso, vai ultrapassar a casa dos R$ 9 mil para a próxima safra (2019/20). A projeção, feita pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), aponta alta mensal de 0,83%, impulsionada pela valorização do dólar frente ao real. A majoração verificada no período encarece produtos básicos da ‘cesta’ do produtor como sementes e defensivos, itens nos quais não há como economizar, excluir e tão pouco reduzir a utilização.

De acordo com o Imea, o custo operacional na lavoura em abril – ante a média do dólar de março – passou a ser estimado em R$ 9.018,96/ha. “Essa alta no gasto está ligada à elevação do dólar que influenciou, principalmente, nos insumos que são cotados pela moeda norte-americana, tendo maior impacto no defensivo e na semente de algodão”.

Dólar em ascensão é um pesadelo para o produtor que começa a voltar sua atenção para a formação de custos da próxima safra, iniciando as primeiras compras. A melhor estratégia é sempre comprar bem e vender ainda melhor. Nesse momento de depreciação do real frente ao dólar, os insumos para o novo ciclo indicam variações que revelam um cenário de aquisições mais oneroso que o realizado em igual momento do ano passado.

A elevação mensal acende uma luz de preocupação, pois ao mesmo tempo em que o produtor vai ao mercado em busca de insumos e ele também começa a travar preços para sua produção. Até o momento, o preço pago pela arroba da pluma está acima do custo médio operacional por hectare, mas os analistas do Imea reforçam a importância de o cotonicultor estar atento ao mercado, às previsões de safra de outros países e ao clima. “Para que o cotonicultor consiga cobrir sua despesa da safra 2019/20 é necessário que negocie sua pluma a um preço médio de R$ 78,70/@. No entanto, o preço visto até o momento para a paridade de julho/20 vem superando os custos, com média em maio de R$ 100,45/@. Ainda assim, vale ressaltar a importância de o produtor acompanhar o custo com o beneficiamento e o preço do caroço de algodão, uma vez que alguns cotonicultores utilizam o subproduto como moeda oferecida em troca do beneficiamento da pluma”, alertam os técnicos do Imea.

O preço médio da arroba da pluma pelo indicador Imea/MT encerrou a semana cotado a um preço médio de R$ 87,86/@, com uma queda semanal de 0,93%.

SAFRA NORTE-AMERICANA - O reporte do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) referente à semeadura de algodão da safra 2019/20 nos EUA vem trazendo pontos de atenção ao produtor norte-americano. O relatório do Departamento retrata atrasos nos trabalhos a campo em relação à safra 2018/19 e na média histórica dos últimos cinco anos. Com isso, até o momento a semeadura do país chegou a 44% da área destinada ao cultivo da fibra. “Esse cenário de retardo está ligado aos fatores climáticos nos EUA, onde algumas regiões têm registrado grandes volumes de chuva, em conjunto com a baixa janela de luz solar. Outro ponto que pode influenciar no destino da safra norte-americana são os impasses políticos entre a China e os EUA, pois, caso se as taxações concretizem, poderão contribuir para uma redução na área a ser semeada já nesta safra. Essa incerteza quanto a safra dos EUA, poderá beneficiar o Brasil e principalmente Mato Grosso, uma vez que o Estado é o maior produtor da fibra no país e a China tem se mostrado bastante ativa no mercado do algodão”.

MILHO - Os custos de produção para o milho de alta tecnologia também devem ficar mais caros na próxima safra. O custo operacional exibiu uma adição de 0,92% ante o mês anterior, ficando em R$ 2.700,12/ha. “O aumento se deu, principalmente, pela valorização no dólar no último mês, que influenciou diretamente os preços dos insumos cotados em dólar. No entanto, mesmo com o aumento do custo variável para R$ 2.421,77/ha, ao considerar a produtividade de alta tecnologia prevista em 121,49 sc/ha, o ponto de equilíbrio apresenta média de R$ 19,93/sc em Mato Grosso, enquanto que, a média da paridade de exportação (jul/20), em mai/19, até o momento, ficou em R$ 22,06/sc, ou seja, 10,70% maior. Assim, apesar de o dólar estar impactando no aumento dos custos, ele também tem colaborado para que os preços do milho fiquem acima do ponto de equilíbrio. Ainda assim, é importante que o produtor continue se atentando para equilibrar essa ‘via de mão dupla’ para a próxima, insistem os analistas do Imea.

SOJA - De acordo com os dados referentes a abril/19, o custo variável (CV), por hectare, ficou em R$ 3.150,27/ha e o custo operacional (CO) fechou o mês a R$ 3.497,33/ha, um aumento de 0,78% e 0,73%, respectivamente, ante o mês anterior. A desvalorização da soja em abril, em conjunto com a diminuição no frete dos fertilizantes, fez com que a variação do custo não fosse maior. Dentre os componentes que tiveram maior aumento, destacaram-se os defensivos, que valorizaram 1,79% no mês, puxados principalmente pelos fungicidas. “Como estes componentes são cotados em dólar, a valorização da moeda norte-americana influenciou nas cotações dos defensivos. Por isso, neste cenário de volatilidade cambial, é pertinente o produtor se atentar para as oportunidades de negócios que possam surgir para as compras dos insumos”.