A produção agropecuária mato-grossense deve garantir ganhos por dois ciclos seguidos, conforme levantamento realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). A projeção de expansão acumulada em 2018 e 2019, pelo menos da porteira para dentro, somará 16,8%, média de 8,4% para cada um dos anos-safras. Com atualizações mensais, o Imea prevê que a oferta agrícola e pecuária estadual somará R$ 74,9 bilhões nesse ano, graças novamente ao bom momento do algodão e ao peso da soja no segmento.

Os dados atualizados na semana passada trazem estimativas para o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de Mato Grosso. Para se calcular a receita no campo, leva-se em consideração o volume produzido e o preço médio pago ao produtor no momento da análise. No Estado são estimadas as seguintes culturas: soja, milho, algodão, cana-de-açúcar, arroz, produtos florestais, lenha e girassol, pelo segmento da agricultura. Na pecuária são avaliados o boi, as aves, suínos e o leite.

Como chamam à atenção os analistas do órgão, o VBP da pecuária já foi consolidado, contudo o VBP total de 2018 ainda está sendo estimado, pois ainda há comercialização de algumas culturas da agricultura. “Neste sentido, a sexta estimativa do VBP realizada pelo Imea para 2018 apresentou incremento de 8,3%, quando comparada à de 2017, em razão do crescimento do VBP da cultura do algodão, de 30,3% no período, tendo em vista o acréscimo na área e aumento da produção. Na segunda estimativa para 2019, a cultura também exibiu alta, contribuindo para a elevação de 8,5% no VBP total deste ano, ante a 2018. Por fim, o VBP da agricultura e floresta de 2018 foi atualizado para R$ 53,4 bilhões e o de 2019 para R$ 58,3 bilhões. Já os VBPs total de 2018 e 2019 foram estimados em R$ 69,0 bilhões e R$ 74,9 bilhões, respectivamente”, explicam.

Depois de um ano de queda no VBP da pecuária, 2018 apresentou recuperação de 11,5%. A bovinocultura foi a cadeia que mais contribuiu para este aumento, com alta de 17,1% em 2018 ante a 2017, e 79,7% de participação no VBP da pecuária. Tanto o abate quanto o preço de bovinos apresentaram melhores números no último ano, após os obstáculos enfrentados em 2017 ocasionado ainda pela operação Carne Fraca.

A cadeia de aves, que tem o segundo maior share (participação) no VBP da pecuária (10,7%), também exibiu alta, de 9,6%, quando comparado a 2017, em virtude do aumento na produção devido ao aquecimento da demanda interna. Já o leite, mesmo com a queda da produção, consolidou-se com incremento de 1,4%, em razão dos melhores preços, contudo, manteve seu share estável em 3,5%. Por fim, os suínos diminuíram sua contribuição no VBP da pecuária em 0,5%, devido à baixa de 8,2% em função das restrições nas exportações para a Rússia, e demanda interna fraca. Sendo assim, em 2018 o VBP da pecuária foi consolidado em R$ 15,6 bilhões.

Na análise das culturas, o Imea destaca que 78% dos mais de R$ 74,9 bilhões estimados para este ano virão da agricultura e o restante (22%) da pecuária. Ainda nessa avaliação, do VBP da agricultura – R$ 58,33 bilhões, o que equivalem aos 74% do total estadual – 46% da renda será gerada pela soja, 16% pelo algodão e 13% pelo milho safrinha. Dessas três culturas que são as de maior peso no agro mato-grossense, todas têm projeção de alta. A oleaginosa deve passar de R$ 33,80 bilhões para R$ 34,17 bilhões nesse ano. O algodão de R$ 8,44 bilhões para R$ 11,97 bilhões e o milho de R$ 9,08 bilhões para R$ 9,95 bilhões.