Mato Grosso deverá colher, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), sua maior safra em 2018, com volume histórico de 64 milhões de toneladas. Se os dados se confirmarem, o saldo do atual ciclo será mais de 3,7% superior ao colhido no ano passado, que até então era recorde local, em 61,71 milhões de toneladas. Nesse quinto levantamento, divulgado ontem, milho e algodão seguem como as culturas de maior participação e responsáveis pela projeção histórica.

Das três principais culturas – soja, milho e algodão – apenas a soja tem projeção de retração anual, 0,6%, passando de 32,30 milhões de toneladas (recorde na série histórica local) para uma estimativa de 32,12 milhões no atual ciclo.

Dentro dessa avaliação positiva, Mato Grosso responderia por mais de 26% da oferta nacional. Considerando o percentual de participação da produção mato-grossense no contexto nacional, há mais um indicador histórico e inédito. A produção mato-grossense fecha então mais um ciclo como a maior do país, sendo o oitavo ano seguido liderando a produção agrícola nacional.

Impulsionado pelo aquecimento do mercado da pluma nos últimos anos, a expectativa de aumento de área vem se confirmando para a cotonicultura mato-grossense. Projeta-se cultivo de 1.049,3 mil hectares no ciclo 2018/19, ante os 777,8 mil hectares na safra passada. A rentabilidade da pluma tem atraído produtores rurais para essa cultura em detrimento de outras, menos favoráveis financeiramente. Cerca de 70% de toda essa área estimada para a produção do grão já foi semeada. Em relação à produção, o volume de pluma deve superar todos os recordes já registrados, já que a projeção é de 1,7 milhão de toneladas, ante o saldo histórico do ano passado de 1,29 milhão de toneladas. Se confirmado, será a maior expansão desse ciclo, com incremento anual de 33,4% na oferta da fibra.

Com relação ao milho, que em Mato Grosso é praticamente todo produzido em segunda safra, a projeção é de cerca de 28,10 milhões de toneladas, volume que se confirmado será o segundo maior da histórica local e 7,3% acima da colheita anterior, em 26,20 milhões de toneladas.

A colheita da soja encontra-se adiantada em todo o Estado, como chamam à atenção dos técnicos da Conab, devido à antecipação do plantio, que permite maior celeridade dos trabalhos. Estima-se, até o fechamento de janeiro, colheita de 32,9% da área, estimada em 9,69 milhão de hectares, 1,9% superior ao destinado à cultura no último ciclo, de 9,51 milhão de hectares. Em termos de produtividade, registra-se ocorrência de eventos climáticos adversos, a partir de dezembro, como estiagem, ainda que não generalizada, veranicos e também casos pontuais de falta de luminosidade, devido a tempo nublado.

“A estiagem prejudicou a granação da cultura, principalmente as variedades de ciclo superprecoce. Desta maneira, a lavoura não desenvolveu todo seu potencial produtivo, e o clima mais seco reduziu a umidade do grão, havendo deságio por peso no momento da entrega, em muitos casos. Ainda assim, o resultado é, de forma geral positivo e não deverá provocar grande redução na produtividade média, estimada em 3.312 kg/ha, 2,4% inferior ao recorde registrado em 2017/18, de 3.394 kg/ha, condizente com a média histórica estadual”, avaliam os técnicos.

BRASIL - A produção brasileira de grãos do período 2018/19 deve alcançar 234,1 milhões de toneladas. Se comparado com a safra passada, o crescimento deverá ser de 6,5 milhões de t, o que representa um volume 2,8% superior. O incremento de 910,5 mil hectares, ou 1,5% a mais em relação com a safra 2017/18, também contribuiu para os 62,6 milhões de hectares estimados para a área plantada.

Segundo o levantamento, a produtividade supera a marca positiva anterior, mesmo em meio à falta ou ocorrência de chuvas pontuais, além da incidência de temperaturas elevadas em algumas regiões de maior produção. O grau de eficiência produtiva média do país deve passar dos 3.692 para 3.738 kg/ha.

O maior destaque do estudo, no entanto, é o algodão que registrou grande concentração de plantio em janeiro, em função do bom desempenho das cotações da pluma. Também novas áreas foram incorporadas ao processo produtivo em detrimento de outras culturas. A estimativa é de aumento de 27,9% na produção e 33% na área. Com isso, os números estão em 3,8 milhões toneladas e 1,6 milhão de hectares, respectivamente.

Já a soja, o milho primeira safra, o arroz e o feijão não tiveram o mesmo desempenho. A leguminosa deve reduzir 3,3%, atingindo 115,3 milhões de toneladas, mas com aumento na área de 1,9%. O fator responsável é a redução da produtividade, ocasionada por adversidades climáticas em alguns estados. O milho primeira safra também perde em produção, atingindo 26,5 milhões de toneladas e a área cultivada reduz 1,2%. Mas, se acrescida da segunda safra, a produção total poderá alcançar 91,7 milhões de toneladas, 13,6% a mais que em 2017/18.

O arroz, com concentração maior no Sul do país, esteve mal situado no mês passado e também neste levantamento apresentou um percentual de 11,3% de perdas frente à safra anterior, ficando em 10,7 milhões de toneladas. O feijão primeira safra sofreu igualmente, com registro de 10,6% a menos, refletindo numa produção de 1 milhão de toneladas.

INVERNO – O início de plantio para os cultivos de aveia, canola, centeio, cevada, trigo e triticale é a partir do mês de abril. O estudo deste mês estima uma produção dessas culturas superior em cerca de 6,9% à de 2018, podendo alcançar 6,9 milhões de toneladas.