Segundo o estudo, do total saído das usinas no Estado na safra 2017/18, cerca de ¼ da oferta de álcool é originário do etanol de milho, que tem um custo de produção inferior ao da cana-de-açúcar. “Ainda mais que o volume produzido do combustível proveniente da cana-de-açúcar não tem apresentado avanço significativo nas últimas safras”, complementa Benancil Martins, analista da Conab e responsável técnico pelo compêndio.

Martins afirma ainda que, sem a participação do cereal, a produção estadual de etanol estaria praticamente estagnada nos últimos anos. “A produção total de etanol, contemplando os tipos anidro e hidratado, cresceu 37% entre as safras 2014/15 e 2017/18 em Mato Grosso, o que rendeu um incremento de 461,6 mil m3 no período, com grande contribuição do milho”.

O estudo alerta, no entanto, à preocupação de que essa tendência possa impactar no quadro de oferta e demanda do combustível mato-grossense, tendo em vista o mercado consumidor restrito do Estado. “Para a safra 2018/19, há uma demanda de quase 2 milhões de toneladas de milho pelas usinas no Estado, dentro de um cenário superior a 4 milhões de toneladas do cereal”, conclui.

SALDO - O 3º Levantamento da Safra 2018/2019 de cana-de-açúcar, divulgado no último dia 20 pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), revela que o país terá novo recorde na produção total de etanol, que chegou a 32,3 bilhões de litros, um aumento de 18,6% em relação à safra passada. O último maior número havia ocorrido na safra 2015/16, com 30,5 bilhões. O recorde vale também para a quantidade produzida de etanol hidratado, cerca de 21,6 bilhões, superior ao de 19,6 bi na safra 10/11.

A produção da cana-de-açúcar, segundo o levantamento, está estimada em 615,84 milhões de toneladas. O número representa uma redução de 2,8% em relação à safra anterior, que fechou em 633,26 milhões de t. O açúcar, com uma produção que deve atingir 31,7 milhões de t, também teve retração de 16,2% em comparação a 2017/18. Para o etanol anidro, usado na mistura com a gasolina, haverá uma redução de 2,3%, alcançando 10,7 bilhões de litros.

A área colhida no país está estimada em 8,6 milhões de hectares, com uma queda de 1,1%. Na Região Sudeste, especificamente, a diminuição ocorreu como reflexo dos problemas climáticos ocorridos e devido à devolução de terras arrendadas. O Centro-Oeste praticamente manteve a área colhida da safra passada, apresentando leve aumento nos patamares de produtividade. Já a boa distribuição das chuvas no Nordeste, durante fases importantes da lavoura, trouxe forte incremento nos níveis de produtividade, 12,8% a mais em relação à safra passada. A região Sul apresentou, neste levantamento, queda de 2,6% na área colhida, enquanto a Norte, responsável por menos de 1% da produção nacional, deverá ter uma produção 3,2% menor que na última safra.