Mato Grosso poderá fechar a safra 2018/19 de grãos e fibra com novo recorde de produção. Mesmo com uma pequena correção mensal sobre os números apontados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a oferta estadual pode passar de 63,36 milhões de toneladas, volume que se confirmado mantém o Estado na liderança da produção nacional pelo oitavo ano consecutivo.

Os dados do terceiro levantamento mostram um volume de produção pouco abaixo do previsto no mês passado, quando se projetaram 63,52 milhões de toneladas. Mesmo com a diferença, a produção deve fechar o atual ciclo com ganho anual de 2,7%, já que na safra 2017/18, também de recorde, foram colhidas 61,71 milhões de toneladas. A redução apontada pela Companhia vem da produção de soja – que também foi recorde no ciclo anterior – que deve encolher 0,4%. No contraponto, milho e algodão deve contribuir de forma positiva com ganhos de 4,9% e 21,5%, respectivamente.

De acordo com a análise feita pelos técnicos da estatal, em Mato Grosso, o excelente regime de chuvas favoreceu o ritmo de plantio da soja – cultura tida como carro-chefe - e houve antecipação significativa dos trabalhos, que concentrou 81,2% da semeadura até outubro, fato que deverá culminar em antecipação da colheita em âmbito estadual. Internamente, produtores acreditam que até o dia 20 desse mês os primeiros talhões começassem a ser colhidos em Mato Grosso.

“A continuidade do regime climático tem favorecido o desenvolvimento das lavouras, avaliadas entre bom e ótimo, e o desenvolvimento vegetativo predomina, ainda que cerca de 30% já se encontre em floração. Em determinadas regiões existe o receio sobre a ocorrência de luminosidade insuficiente para a cultura, caso persista o tempo nublado e com pouco sol. A situação ainda é restrita a algumas regiões do Estado e não foi suficiente para afetar o desenvolvimento das lavouras, que, de forma geral, apresenta-se positivo”, aponta os analistas.

Estima-se o crescimento da área em 1,8% no período 2018/19, com aumento de 9.518,6 mil hectares para 9.689,9 mil hectares. Apesar de todos os entraves vislumbrados antes do plantio, como a alta do dólar, o consequente encarecimento dos custos de produção e os problemas de ordem logística, a continuidade de incorporação de novas áreas se mantém impulsionada principalmente pelo aumento do plantio nas fronteiras agrícolas do Estado, como no Vale do Araguaia, no Norte de Mato Grosso e em novas fronteiras em municípios nas adjacências da BR-163, como foi observado pelos analistas.

Para o algodão, as projeções seguem favoráveis por mais uma safra. De acordo com a Conab, em Mato Grosso, a excelente rentabilidade atribuída ao algodão deverá impulsionar a área semeada. Estima-se que 956 mil hectares sejam destinados à cultura na safra 2018/19, 22,9% superior aos 777,8 mil hectares plantados na safra passada. O cenário adverso, no que diz respeito à margem de lucro das culturas concorrentes, plantadas na segunda safra como o milho e feijão, abrem espaço para a forte expansão do algodão em Mato Grosso. Projeta-se que o crescimento deverá ocorrer por substituição de áreas antes destinadas a essas culturas. O vazio sanitário do algodão se estende até o final de novembro e a partir do início de dezembro tem início o plantio, sendo que a janela ideal para plantio ocorre entre janeiro e a 1ª quinzena de fevereiro. A comercialização desacelerou bastante nos últimos dois meses, à medida que os preços recuaram como decorrência, principalmente, da queda do dólar.

Com relação ao milho, a Conab não traz detalhes em relação a segunda safra, aponta apenas a projeção de produção, que para Mato Grosso – maior produtor nacional da cultura apenas com cultivo em segunda safra – deve chegar a 27,9 milhões de toneladas, ou 4,9% acima do que foi colhido nesse ano, 26,20 milhões.

BRASIL - O país deverá colher 238,4 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 10,6 milhões de t em relação à safra passada, ou 4,6% em termos percentuais. Os principais produtos responsáveis por esses números são soja, milho, arroz e algodão, as maiores culturas do país, que juntas correspondem a 95% da produção total.

As expectativas para safra 2018/19 indicam que a produção de soja deve chegar a 120,1 milhões de t. Com relação à área plantada dessa cultura, há uma tendência de crescimento de 1,8% em relação à passada. No caso do milho, este deverá atingir 91,1 milhões de t. O milho plantado na primeira safra apresenta produção bastante pontual para atendimento a demandas internas, a exemplo da ração animal para confinamento e nas áreas próximas às granjas de aves e suínos, uma vez que o foco do produtor neste momento do plantio é a soja. A área plantada de milho nessa safra atingiu 5,1 milhões de hectares, representando incremento de 0,8% em relação à temporada 2017/18.

Finalmente, com relação ao algodão, o produto deve atingir 2,4 milhões de t de pluma, que representa um acréscimo de 17,8% sobre a safra passada. O desempenho das cotações da pluma tanto no mercado interno quanto no externo estimulou os produtores nacionais a investirem fortemente na lavoura. Além desses produtos, o boletim destaca ainda a produção do amendoim, o girassol e a mamona.