Uma fazenda no meio da paisagem belíssima da Serra do Roncador, na divisa de Mato Grosso e Goiás, investe em diversidade e sustentabilidade.

Na mesma propriedade se produz mel, madeira, bezerros, porco caipira, mulas e burros. É a integração de lavoura, pecuária e floresta, ou ILPF.

São 34 mil hectares: a fazenda é maior que a capital mineira, Belo Horizonte. Ali dentro, centenas de pastagens com 10 mil cabeças de gado nelore são interligadas por 120 km de estradas.

A revolução da acácia

A diversificação na Fazenda Paraná começou há 10 anos, com chegada de uma árvore, a acácia.

"Na época, não tinha nenhum plantio no Brasil, só em Roraima, para exploração de madeira. E eu resolvi acreditar”, explica o proprietário, o paulista Carlos Roberto Della Libera.

A acácia mangium, natural da Austrália, foi trazida para a propriedade para evitar a abertura de novas áreas de pastagem e recuperar as terras que já tinham sido desmatadas.
As árvores são plantadas no meio da braquiária: a integração já ocupa 3.500 hectares.

Além da pastagem rica em nutrientes, o gado ganha fica protegido do sol e, na época da seca, também se alimenta das folhas da acácia, que têm alto teor de proteína.

Abelhas e madeira

Com a acácia, apareceram abelhas. É que a árvore, além de duas floradas, produz néctar o ano inteiro.

Já são mil colmeias da “apis melífera”, de origem europeia. Na safra passada, de julho a outubro, produziram 12 toneladas de mel.
O produto final é vendido para supermercados de São Paulo, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás. O quilo sai, em média, a R$ 80.

A madeira da acácia também é fonte de renda na fazenda. Ela pode ser usada em 3 fases: aos 3 anos, serve como lenha; aos 5, como lasca de cerca ou escoramento na construção civil; aos 9, o tronco já tem diâmetro suficiente para ser usado na fabricação de móveis. O metro cúbico é vendido a R$ 3 mil.

Porcos e mulas

A ideia é aproveitar tudo que a acácia dá. Folhas e galhos excedentes são triturados e embalados, formando uma silagem que pode ser armazenada por longos períodos e servida aos animais durante a seca.

Com madeira e silagem sobrando, Carlos investiu ainda em porcos caipiras –ele faz questão de usar esse nome, em vez de “suínos”. São da raça moura e piau e recebem alimentação natural.

A ideia é, no futuro, conseguir o selo de orgânico e ter um abatedouro na fazenda.

A última e mais nova criação da fazenda são as mulas e burros de trabalho. As éguas do plantel são produzidas ali, filhas de garanhões quarto de milha, "paint horse" e mangalarga paulista. Elas são cruzadas com jumentos da raça pêga.